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Quanto mais preocupado você fica, mais dor você sente!

Transtornos de ansiedade são um tipo de patologia já bem esclarecida nas classificações médicas e psiquiátricas. No Brasil, cerca de 9,3% da população sofre de algum transtorno relacionado à ansiedade (OMS, 2017). Isso é quase uma epidemia! Mas nesses tempos de pandemia nossos níveis de preocupação e ansiedade sobre o nosso futuro econômico, profissional, social além do risco que estamos correndo ao nos expormos ao Corona Vírus se multiplicam numa proporção muito maior que a disseminação do vírus.

Ansiedade é basicamente uma reação psicológica e biológica em sua essência. Todos nós já sofremos alguma vez com a preocupação e a ansiedade, ela até é bem-vinda em alguns momentos. Nossa frequência respiratória aumenta, nossas pupilas se dilatam, nossos capilares drenam sangue para regiões de importância para a vida. Trata-se de um fenômeno fisiológico em que a mente prepara o corpo para o perigo e consequentemente dispara duas ações primitivas: lutar ou fugir.

Porém, níveis de stress acumulados por longos períodos expõem nossos tecidos a substâncias como adrenalina e cortisol que, quando presentes em longo prazo na corrente sanguínea possuem efeitos deletérios. Não abordaremos aqui o aumento do risco de ataque cardíaco ou derrame cerebral muito relacionados ao stress emocional, mas sim os efeitos que este estado provoca nos nossos músculos, tendões, ligamentos e fáscias.

Nos Músculos: como a reação corporal ao estado de ansiedade é involuntária, os músculos passam a ficar mais tensos, como se estivessem preparados para se contrair rapidamente (lutar ou fugir!). Esse estado de contração limita a circulação dentro dos ventres e a deficiência da chegada de alguns elementos como o potássio dificultam ainda mais o músculo atingir o estado de relaxamento. Além disso, a contração constante provoca liberação de substâncias ácidas (ácido lático) decorrentes do metabolismo energético. Tais substâncias irritam os receptores de dor presentes na região e tornam um prato cheio para o aparecimento das síndromes dolorosas musculares (MYERS, T., 2010).

Cansaço: quando estamos ansiosos geralmente respiramos superficialmente utilizando a musculatura acessória da caixa torácica. Porém a utilização desta musculatura não permite ampla expansão pulmonar e por consequência, não absorvemos o oxigênio tão importante para as nossas tarefas diárias e ficamos cansados mais facilmente por não ter abundância deste importante componente de energia (KOROTKOW, 2012).

Má Postura: inclinar-se para a frente é uma atitude de proteção que os animais usam para se defender de uma ameaça potencial. Isto os torna visualmente maiores e posiciona o centro de equilíbrio para o enfrentamento. Não somos animais irracionais, mas a reação da ansiedade é primitiva e não passa pelos nossos centros nervosos superiores. Essa postura mantida causa sintomas como dores de cabeça, aperto no peito, dores nas costas entre outras.

Tendões, ligamentos e fáscias: desde muito tempo já sabemos que a exposição do tecido conjuntivo ao cortisol (hormônio liberado em situações de stress) gera enfraquecimento/degeneração do tecido conectivo atacando a sua “substância fundamental”, diminuição da concentração do colágeno insolúvel e um aumento de escleroproteínas (Houck, 1962).

Problemas Intestinais: a drenagem do sangue para regiões “mais importantes” para as atitudes de enfrentamento, há uma diminuição da vascularização intestinal e os alimentos podem não ser bem absorvidos pois as substâncias essenciais para a digestão podem não estar presentes. Por isso, o bolo fecal tende a “apodrecer” e surgem os desconfortos abdominais.

O processo de tratamento para estes problemas inicia quando o paciente reconhece que os sintomas são recorrentes, por muito tempo e que não adianta tomar antiácido, relaxante muscular entre outros. É preciso ajuda, com uma abordagem mais ampla, que envolve manobras para equilibrar o sistema nervoso responsável por essas reações. Eliminar gastos energéticos desnecessários com disfunções que realmente causam dor como bloqueios articulares, contraturas musculares e em seguida adotar hábitos saudáveis que compensam o stress do dia a dia (se você é obrigado a aturá-los)!!! Procure um fisioterapeuta com formação em osteopatia pois ele irá ajudá-lo a reequilibrar seu estado de stress.

Referências:

HOUCK, J. C. The Effect of Cortisol and Salicylate upon the Connective Tissue. Am J Pathol.; 41(3): 365–371, Sep, 1962.

KOROTKOW, K., et al. Stress Reduction with Osteopathy Assessed with GDV Electrophotonic Imaging: Effects of Osteopathy Treatment. The Journal of Alternative and Complementary MedicineVol. 18, No. 3. Mar, 2012.

MYERS, T. Trilhos Anatomicos: Meridianos Miofasciais para Terapeutas Manuais e do Movimento. São Paulo: Elsevier, 2010.

World health Organization (WHO). Depression and other common mental disorders: Global Health Estimates, 2017


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